O CONFORTO DA FACHADA VERDE



Além de trazerem beleza ao ambiente e ao entorno do prédio onde estão instalados, os jardins verticais possibilitam conforto térmico e acústicos, além de melhoria na qualidade do ar. “O uso da vegetação para amenizar a sensação térmica dos ambientes é prática muito antiga e difundida”, lembra o arquiteto e urbanista Fernando Durso Neves Caetano.


Ele fez um estudo para a sua dissertação de mestrado na Unicamp, apresentada no mês passado, para atestar a eficácia térmica interna promovida por um sistema de paredes verdes externas. De acordo com a pesquisa, em dias quentes, o prédio com muro verde diminuiu a temperatura interna em até seis graus Celsius. E reteve o calor em até três graus Celsius em dias frios. A tecnologia, desenvolvida na Europa na década de 1980, foi testada pelo arquiteto em um prédio do câmpus da universidade.


“No meio urbano, as disputas pelo uso do solo levaram à busca por espaços alternativos para a implantação da vegetação, resultando no desenvolvimento de paredes e coberturas dos edifícios”, diz Caetano.

O arquiteto afirma que as vantagens dos muros verdes não se restringem à redução de temperatura, mas eles também promovem a estabilização dessas temperaturas dentro da faixa de conforto térmico do ser humano, entre 18ºC e 25 °C.


“Independentemente do valor das reduções alcançadas, a tendência dos muros vivos é manter as temperaturas ambientes dentro desta faixa de conforto”, diz.

Para o arquiteto Caetano, os muros verdes possuem grande viabilidade de aplicação nos centros urbanos altamente concentrados, porque, além do conforto térmico, também ajudam a diminuir os gastos com energia e a reduzir o processo de “desertificação” do microclima urbano.


Prática. Com o objetivo de aumentar a vegetação da capital e cobrir de verde as fachadas laterais dos edifícios não ocupadas por janelas, a empresa chamada Movimento 90° deu início a trabalhos desse tipo em prédios. A primeira ação ocorreu em um edifício ao lado do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, na capital paulista.


“O benefício mais claro é a diminuição da temperatura do prédio e da rua, além de filtrar em até 60% os gases poluentes no entorno do prédio”, afirma o diretor-geral do Movimento 90°, Guil Blanche.


O diretor conta que a empresa pesquisou e encontrou no centro expandido da cidade mais de 500 fachadas laterais sem uso, o que representa 250 mil metros quadrados de potencial de espaço livre.


Apenas no entorno do elevado são 140 paredes livres, mais de 50 mil metros quadrados de potencial verde. “Queremos lançar um corredor verde no Minhocão”, diz Blanche.


A proposta de trazer mais espaços com vegetação para a cidade foi um dos fatores que pesaram para que a Odebrecht, empresa de engenharia e construção, criasse um jardim verde em seu prédio localizado no bairro do Butantã, na capital, próximo à Marginal Pinheiros.


Expectativas. Segundo o diretor de Investimentos da Odebrecht Properties, Alexandre Nakano, o objetivo era ter uma solução que amenizasse as zonas de calor na cidade.


O resultado, diz o executivo, foi além das expectativas, porque as plantas ajudaram a amenizar o barulho interno do edifício e contribuiu para a renovação do ar como resultado do processo de fotossíntese realizada pelas plantas.


“Além do benefício estético que entrega para os usuários e para quem passa pelo prédio, a parede verde contribui diretamente no conforto termoacústico das áreas internas”, afirma Nakano .


Em relação aos custos de instalação, o diretor de incorporação da Odebrecht Realizações Imobiliárias, Bruno Scacchetti, diz que o aumento no custo de construção variou de 0,7% a 1%.

“Nessa parede, de aproximadamente 1.500 m², a manutenção é diária. Todos os dias, cerca de 80 m² são cuidados”, informa Scacchetti.


Entre as espécies cultivadas na parede verde do edifício da empresa estão asparagus, festuca, ficus, hedera, jasminum e philodendron.


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