IMÓVEIS GANHAM DA INFLAÇÃO

Redução nas taxas de juros leva investidores a migrar para o mercado imobiliário, mas especialistas alertam que aplicação tem de levar em conta estudo das melhores opções

Geórgea Choucair


Mercado da construção civil tem potencial de crescimento no país por causa do déficit habitacional

Em tempos de taxa de juros em baixa, o mercado financeiro começa a voltar os olhos para o segmento imobiliário. O reajuste do preço do aluguel continua subindo acima da inflação em Belo Horizonte. No ano passado, a rentabilidade da locação de imóveis residenciais e comerciais foi de 7,60%, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/Ipead) ficou em 5,74%, segundo pesquisa da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG), em parceria com a Fundação Ipead.

A rentabilidade mensal do aluguel sobre o valor do imóvel hoje varia de 0,4% a 0,6%, de acordo com a região e o tipo de imóvel. “Mas é preciso lembrar que ainda há a valorização bruta do aluguel. Com isso, o investidor ganha duas vezes”, observa Ricardo Melo, coach financeiro e sócio do Instituto Ricardo Melo. A valorização dos imóveis na capital, diz, tem ficado entre 1,2% e 1,5% ao mês, o que dá um rendimento de 14% a 18% ao ano. 

Os indicadores imobiliários no Brasil, na avaliação de Melo, ainda são muito saudáveis. “Temos um déficit de 6 milhões a 7 milhões de casas e o nível de endividamento da população com a casa própria em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) é baixo, de 4%”, afirma. Ele compara com o México, onde é de 6%, com o Chile, de 4% e Estados Unidos, que chega a 60%. 

Os ganhos no mercado imobiliário, no entanto, dependem de investimento feito de forma qualificada, alerta Melo. “Para ter boa rentabilidade, a pessoa precisa conhecer as regras do segmento imobiliário, onde e como comprar e vender”, alerta Melo. Ele aconselha o investidor a procurar áreas em expansão e não as já consolidadas. “Um exemplo é o Belvedere que há dez anos estava em expansão e o Buritis, há cinco anos”, afirma. 

Melo ressalta que em análise mais conservadora, o imóvel pode render 10% ao ano de valorização mais 5% de renda de aluguel, o que daria um ganho de 15%. “E qual investimento que hoje consegue render 15% ao ano no Brasil?”, diz. “Há casos em que a valorização vai de 20% a 30% ao ano, como quando acontece algum evento importante perto do imóvel, como a construção de um shopping center”, observa Gilmar Dias dos Santos, diretor de incorporadoras da CMI. 

Em relação à estagnação de vendas do mercado imobiliário no ano passado, Melo considera que aconteceu um ajuste de preços. “O que acabou foi o crescimento exagerado dos últimos anos, pois havia espaço para ajuste de preços. Mas se o investidor compra bem o imóvel, está mais protegido do que no mercado de ações, onde a volatilidade (oscilação de preços) é muito grande”, afirma. 

Migração O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis, Paulo Tavares, é também diretor da Sotão Imobiliária. Segundo ele, do total de 2,3 mil imóveis que a empresa tem hoje alugados, 30% estão nas mãos de investidores. “E o número vem aumentando. A queda na taxa de juros leva mais pessoas a migrar para outras aplicações”, diz. 

A desvantagem do investimento em imóvel, no entanto, é a baixa liquidez. “O investidor precisa ter cuidado e deixar aplicado na renda fixa pelo menos de seis a doze vezes o valor do salário. É o que chamamos de fundo de emergência”, alerta Melo.

Dentro do segmento de imóveis, há ainda os fundos imobiliários e a aplicação em hotéis que devem ser avaliados. Os fundos imobiliários – onde o investidor compra uma cota de um fundo que investe em imóveis – tem registrado rendimento de 0,8% a 0,9% ao mês. “É interessante, mas mais conservador do que os imóveis”, afirma Melo. Já a hotelaria tem buscado rentabilidade de 0,8% ao mês em relação ao capital investido quando a taxa de ocupação está acima 70%. “É outra alternativa, com rentabilidade isenta de Imposto de Renda”, avalia.

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