SUSTENTABILIDADE - IMÓVEL

Roberto Custódio / Jornal de Londrina
Roberto Custódio / Jornal de Londrina / Em Londrina, um dos empreendimentos que emprega a cultura sustentável é um recém-lançado condomínio residencial da PlaengeEm Londrina, um dos empreendimentos que emprega a cultura sustentável é um recém-lançado condomínio residencial da Plaenge
SUSTENTABILIDADE




Construções verdes são tendência no mercado imobiliário

Em Londrina, construções sustentáveis seguem em crescimento. Três imóveis já estão em processo de obtenção de selo verde

Para atender à demanda crescente, as construtoras apostam em empreendimentos que empregam a cultura sustentável. Em Londrina, três imóveis estão em processo de obtenção de selos verdes. Segundo o vice-presidente administrativo do Sinduscon-PR, Euclesio Finatti, 40% dos empreendimentos comerciais e 5% das casas residenciais, construídos nos últimos dois anos, são sustentáveis. 


A sustentabilidade engloba o domínio ambiental, econômico e social do empreendimento. Esse tripé resulta em ganho na qualidade de vida. Além disso, em imóveis sustentáveis a economia de energia e água gira em torno de 30% a 40% tanto em prédios comerciais quanto residenciais. A redução nos gastos com manutenção e despesas mensais é o principal atrativo deste tipo de construção. “O cliente enxerga uma economia ao longo do período de locação. É um avanço, pois há dois ou três anos não existia projeto algum nessa linha, e vai crescer ainda mais”, garante Finatti.

Hoje, o Brasil é o quarto no ranking mundial de construções verdes com selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações. São mais de 600 empreendimentos registrados, de acordo com a organização não governamental Green Building Council Brasil, empresa que realiza esta certificação. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes.


Um projeto sustentável contempla cinco estratégias básicas:

1. Implantação: tirar o melhor proveito das condições naturais da área, com aproveitamento da iluminação solar, do vento e da chuva no paisagismo da obra;


2. Eficiência energética: significa aproveitar o melhor possível a iluminação e ventilação naturais dos ambientes, a fim de diminuir o uso do ar condicionado e das lâmpadas, além da escolha de eletrodomésticos com selo de eficiência energética, que consomem menos energia;


3. Uso racional da água: o projeto deve contemplar o aproveitamento da água da chuva para irrigação e reutilização da água do chuveiro nos vasos sanitários, por exemplo;


4. Materiais ambientalmente corretos: preferência ao uso de materiais de construção regionais e que foram produzidos de forma menos agressiva ao meio ambiente;


5. Preocupação com resíduos: diminuir a geração de resíduos nas construções, priorizando a reutilização e destinação correta desses materiais.


Empreendimentos londrinenses empregam cultura sustentável


Em Londrina, um dos empreendimentos que emprega a cultura sustentável é um recém-lançado condomínio residencial da Plaenge, que contempla diversas ações para economia de condomínio e recursos naturais. Aquecedor solar para a piscina; cisterna que capta água de chuva utilizada na limpeza, irrigação do jardim, lavagem de carros; torneira com temporizador para evitar desperdício; posicionamento dos apartamentos leva em conta a trajetória do sol para auxiliar na iluminação natural; medidores individuais evitam desperdício de água, luz e gás.


“Esses imóveis não são mais caros por conta dos diferenciais. O interesse da empresa é de otimizar o uso dos recursos naturais e criar a cultura sustentável, fazendo dos colaboradores e clientes, multiplicadores desse pensamento”, garante a gerente regional da Plaenge, Celia Catussi. A preocupação em evitar o desperdício permeia todos os processos da obra. “Fazemos a reciclagem dos entulhos e treinamos nossos colaboradores para não haver desperdício de material”, diz. Segundo Célia, a empresa não busca a aquisição de selos deste tipo de construção no momento, mas a divisão industrial da empresa já conta com a certificação LEED em diversos empreendimentos.





Prédio contempla diversas ações para economia de condomínio e recursos naturais

Existe grande aceitação das construtoras por projetos com características sustentáveis, que contemplam menor custo de operação e manutenção, afirma a vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Regional Paraná (ASBEA-PR), Cristiane Lacerda. A arquiteta acrescenta que os clientes também têm dado preferência por imóveis sustentáveis. “Às vezes a procura não é diretamente pela sustentabilidade, mas ele [cliente] sabe das vantagens e decide por elas”, diz. “O mercado imobiliário cresce a cada ano. Se os projetos não forem sustentáveis, uma hora vai faltar. Saber utilizar e reutilizar é o futuro”, complementa.


Cristiane comenta que antes o pensamento era de que o melhor imóvel seria o mais barato. Mas hoje interessa mais a qualidade dos materiais empregados e como a obra foi pensada. “Os selos sustentáveis começaram a surgir no Paraná em 2003 e passaram a despertar atenção. O imóvel pode até custar mais caro, mas recompensa na economia a longo prazo”, diz.


Para quem está pensando em investir em imóveis sustentáveis, o presidente do Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL), Nilton Capucho, comenta que o cliente pode questionar se o imóvel emprega tecnologias como cobertura verde, iluminação com leds, placas voltaicas (que transformam a luz solar em energia), pisos ecológicos (que deixam passar água da chuva), arquitetura que possibilite o reuso da água e acabamentos que apresentem baixa toxidade (como tintas, por exemplo), são alguns pontos a se observar. A cultura da sustentabilidade contempla também a preocupação com a diminuição dos entulhos e a reutilização dos resíduos das obras. “O reuso de materiais também tende a diminuir os custos”, complementa Finatti.

Certificados asseguram sustentabilidade

Os “selos verdes” têm o objetivo de assegurar que a construção contemple padrões que garantam a eficiência dos processos e permita economizar recursos naturais. Isso se reflete nas contas mensais e manutenção do condomínio. “O custo de uma certificação é de 5% a 7% do valor da obra, que se paga em dois ou três anos”, explica Finatti.

Outra opção é a certificação pelo Processo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) Habitacional que exige que o construtor atenda 14 categorias de critérios de desempenho nas três fases do empreendimento programa (idealização da construção), concepção (elaboração do projeto) e realização (obra e depois de pronto).

O processo LEED contempla quatro níveis, com diversos itens que avaliam uso do solo, da água, energia e ar, por exemplo. As inovações no design e as prioridades regionais também são consideradas. As certificações são mais procuradas por construções comerciais, explica Carolina Prates Mori, arquiteta da Master Ambiental, única empresa que realiza o processo de certificação em Londrina. “A certificação é a garantia de que o imóvel passou por pesquisa científica, atestando a sustentabilidade”, afirma.

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